Pouco se sabe ainda sobre a manga, esse fruto
consumido em larga escala no mundo todo. De acordo com o National Mango
Board (dos Estados Unidos), a maior parte das mangas consumidas nos EUA
são produzidas no México, Equador, Peru, Brasil, Guatemala e Haiti.
Originárias do sudeste asiático e da Índia, ela é produzida em climas
tropicais e foi introduzida nos Estados Unidos no final do século 19. Na
tentativa de determinar seu real valor nutricional, a organização já
encomendou vários estudos para diversos cientistas americanos.
Pesquisadores da Texas AgriLife Research
descobriram recentemente uma importante propriedade especial da manga:
ela é capaz de prevenir e deter algumas células de câncer de mama e do
cólon. Eles chegaram a esse resultado após analisar as cinco variedades
mais comuns nos EUA: Kent, Francine, Ataulfo, Tommy/Atkins e Haden. O
estudo foi liderado pela dra. Susanne Talcott e pelo seu marido, o dr.
Steve Talcott.
Com um poder antioxidante bem menor do que outros
alimentos (como o açaí e a romã), muitos poderiam não dar muita
importância para a manga. “Ela tem uma capacidade antioxidante por volta
de quatro a cinco vezes menor do que uma uva média e mesmo
assim se mantém muito eficaz na atividade anticâncer. Se você olhar para
ela do ponto de vista fisiológico e nutricional, levando tudo em
consideração, ela estaria no alto do ranking de supercomidas”, diz a
pesquisadora. “Seria bom incluí-la na dieta regular”, completa.
Os Talcotts testaram extratos de polifenol
(substância natural das plantas associada à boa saúde) da manga in vitro
em células cancerosas do cólon, da mama, dos pulmões, de leucemia e da
próstata. Foi obtido algum resultado com a leucemia e os cânceres de
próstata e de pulmão, mas a manga foi mais efetiva nos tipos mais comuns
de câncer de mama e do cólon.
E o melhor: os doutores testaram a manga também nas
células normais do cólon, e estas não foram detidas pelo polifenol.
Significa que esse importante alimento pode ser usado sem medo de que as
células boas sejam danificadas. “Essa é uma observação geral para
qualquer agente natural: eles visam apenas as células cancerígenas, não
mexendo com as saudáveis, ou pelo menos as deixando em concentrações
razoáveis”, explicou a dra. Talcott.
Os cientistas avaliaram os polifenóis e, mais
especificamente, os gallotannins, como sendo a classe de compostos
bioativos responsáveis por prevenir ou deter células cancerosas. Tannins
são polifenóis que são frequentemente amargos ou secos, e encontrados
em sementes de uva e no chá.
O estudo constatou que o ciclo celular foi
interrompido. Isso é fundamental, diz Suzanne Talcott, pois indica um
possível mecanismo de como as células cancerosas são prevenidas ou
impedidas.
O próximo passo seria testar a descoberta em
humanos, e não mais somente in vitro. Os Talcotts esperam fazer uma
pequena prova clínica com indivíduos que aumentaram a inflamação em seus
intestinos, apresentando um risco de câncer maior. Segundo a doutora,
se houver alguma eficácia comprovada, então seria feito um teste maior
para identificar qualquer relevância clínica.